Gentílicos e grupos étnicos — ortografia

Em português, usam-se letras minúsculas para escrever gentílicos, substantivos e adjetivos, sempre flexionados em gênero e número.

☞ brasileiro(s), brasileira(s)

☞ soteropolitano(s), soteropolitana(s)

☞ brodowskiano(s); brodowskiana(s)

☞ italiano(s), italiana(s)

☞ veronês(es), veronêsa(s)

Os gentílicos também podem ser compostos, sempre escritos com hífen. Nesses casos, o primeiro elemento costuma ser reduzido, e o segundo é flexionado em gênero e número.

☞ afro-americano(s), afro-americana(s)

☞ luso-brasileiro(s), luso-brasileira(s)

☞ greco-romano(s), greco-romana(s)

☞ israelo-palestino(s), israelo-palestina(s)

Essa regra também é válida para grupos étnicos — incluindo comunidades políticas e religiosas —, que devem ser aportuguesados, de acordo com os dicionários, e flexionados conforme o número, e não o gênero.

☞ o(a) caiapó, os(as) caiapós

☞ o(a) xavante, os(as) xavantes

☞ o(a) rastafári, os(as) rastafáris

☞ o(a) suaíli, os(as) suaílis

☞ o(a) hindu, os(as) hindus

☞ o(a) asteca, os(as) astecas

Todavia, na antropologia e na etnologia, segue-se uma norma própria, conforme a Convenção para a Grafia dos Nomes Tribais, adotada durante a 1ª Reunião Brasileira de Antropologia, realizada no Rio de Janeiro em 1953. A convenção foi complementada por Joaquim Mattoso Câmara Júnior, em 1955, por meio do documento “A grafia dos nomes tribais brasileiros”.

Convenção para a Grafia dos Nomes Tribais e “A grafia dos nomes tribais brasileiros”, respectivamente.

Para os propósitos de revisão de texto, as principais regras ortográficas da convenção são:

☞ Quando substantivo, a inicial é sempre maiúscula.

☞ os povos Xavante e Bororo.

☞ Quando adjetivo, o uso de inicial maiúscula ou minúscula é opcional.

☞ os grafismos Karajá, ou karajá.

☞ as tradições Baré, ou baré.

☞ Não se flexiona gênero e número.

☞ os(as) Mawé, e não os(as) maués.

☞ os(as) Tupinikín, e não os(as) tupiniquins.

☞ os(as) Yanomámi, e não os(as) ianomâmis.

Os pesquisadores dos campos da antropologia e etnologia, e aqueles que trabalham em áreas relacionadas, como história indígena, são familiarizados com essas convenções. Logo, é importante que o revisor as conheça, evitando marcações equivocadas e/ou desnecessárias.

Caso o revisor esteja trabalhando em um texto em que não há uniformidade de padrão ortográfico dos grupos étnicos — em algumas passagens há flexões de gênero e número, em outras não; em algumas passagens se usam iniciais maiúsculas, em outras minúsculas —, entre em contato com os autores ou editores e pergunte se eles querem, ou não, seguir a Convenção para a Grafia dos Nomes Tribais.

Referências

ACORDO Ortográfico da Língua Portuguesa: atos internacionais e normas correlatas. 2. ed. Brasília, DF: Senado Federal, 2014. base 19, p. 29.

BRASIL. Ministério da Justiça e Cidadania. Fundação Nacional do Índio (Funai). Manual de redação oficial. Brasília, DF, 2016. cap. 6.

BRASIL. Senado Federal. Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom). Manual de comunicação. Brasília, DF: Senado Federal, 2012. Indígena/etnia; Minúscula. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/manualdecomunicacao/estilos/indio; https://www12.senado.leg.br/manualdecomunicacao/estilos/minuscula.

CÂMARA JÚNIOR, Joaquim Mattoso. “A grafia dos nomes tribais brasileiros”. Revista de Antropologia, São Paulo, v. 3, n. 2, pp. 125-32, dez. 1955.

“CONVENÇÃO para a Grafia dos Nomes Tribais”. Revista de Antropologia, São Paulo, v. 2, n. 2, pp. 150-2, dez. 1954.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA (Embrapa). Manual de produção editorial. Publicação digital – HTML. Brasília, DF, 2023. cap. 38.2.1. Disponível em: https://www.embrapa.br/en/manual-de-producao-editorial/ortografia#t38.2.1.

FOLHA DE S.PAULO. Manual da Redação: as normas de escrita e conduta do principal jornal do país. 22. ed. Barueri, SP: Publifolha, 2021. Nomes pátrios (ou gentílicos), pp. 172-3; Como usar o hífen, p. 189; Uso de maiúsculas e minúsculas, p. 259.

O ESTADO DE S. PAULO. Manual de redação e estilo. Org. e ed. de Eduardo Martins. São Paulo, 1990. Naturais do…, pp. 209-13.

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” (Unesp). Normas para publicações: volume 4: o trabalho editorial. São Paulo: Editora Unesp, 2010. cap. 3.1.2.b, p. 18.

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