Crítica Socialista 1, Writer, Scribus e GIMP — editoração

Em 28 de fevereiro de 2025, foi publicado o número 1 da Crítica Socialista, revista independente bimestral de política idealizada e organizada por Osvaldo Coggiola e Angélica Lovatto. Colaboro na revista como editor-executivo.

Trata-se de minha primeira experiência em organizar uma revista quase do zero. Na Angelus Novus, entrei no Conselho Editorial quando ela já tinha quase dez anos e estava toda organizada. Ali, eu só precisei continuar com o trabalho que estava sendo feito.

Na Crítica Socialista tive que arquitetar o fluxo editorial, propor um projeto gráfico e organizar um repositório para as edições, um site. Minha intenção neste post é compartilhar minha experiência e o aprendizado na publicação do número 1 da revista.

Site da Crítica Socialista, com os arquivos do número 1 da revista

A primeira edição do Conselho Editorial foi em dezembro de 2024, quando se dividiram as tarefas e as responsabilidades de cada um dos editores.

Planejar o fluxo editorial não foi difícil. É basicamente aplicar um fluxo padrão de periódico acadêmico e/ou científico — embora a Crítica Socialista não seja nenhum dos dois.

As etapas do processo editorial são:

☞ Recepção e triagem dos ensaios.

☞ Tradução, para os ensaios em língua estrangeira.

☞ Preparação dos originais.

☞ Revisão de texto.

☞ Diagramação.

☞ Revisão de provas.

☞ Fechamento do número.

☞Publicação.

Tudo isso teria que ser feito em aproximadamente dois meses. Tempo mais do que o suficiente, embora nenhum dos editores-executivos estivessem em dedicação exclusiva, uma vez que todos têm outros trabalhos e projetos em andamento.

Quanto ao projeto gráfico, admito não ser a minha especialidade. Para o primeiro número, desenvolvi algo simples, minimalista e pragmático, inspirado na New Left Review e na Monthly Review.

O resultado ficou mais com cara de journal do que de revista.

Páginas da Crítica Socialista, número 1.

Durante o processo editorial do número 2, conheci a The Continent, revista semanal especializada em política, economia e cultura africanas. Talvez, um design inspirado na The Continent fosse o mais adequado para o projeto da Crítica Socialista. Mas, voltarei a escrever a respeito da The Continent e o aprendizado que estou tendo com essa revista em outro post, sobretudo acerca do melhor uso da iconografia.

Páginas da The Continent, número 191.

As etapas de tradução, preparação, revisão de texto não tiveram novidades. Foi fazer o básico daquilo que tenho feito há uns, cinco… seis anos (?). Foi na diagramação em que tive mais aprendizado e descobertas.

A princípio, e considerando que a revista será digital, considerei que uma diagramação em um editor de texto, como o Word, do Microsoft Office, ou o Writer, do LibreOffice. Já estava com todos os arquivos “diagramados” no Writer, os ensaios e as partes pré e pós-textuais, quando tive a ideia de experimentar o Scribus, uma alternativa livre e de código aberto ao caro e fechado para não assinantes InDesign, da sofisticada e highbrow Adobe.

Eu já havia instalado o Scribus antes, mas, sem a motivação do projeto da Crítica Socialista, não havia me esforçado para aprender a usá-lo. Então, baixei manuais de usuário e busquei por tutoriais a respeito do Scribus.

Ter os ensaios pré-diagramados em arquivos do Writer, que usa a extensão ODT, foi ótimo, uma vez que ele é mais compatível com o Scribus do que o Word, que usa as extensões DOC e/ou DOCX.

Com paciência e muita tentativa e erro — sobretudo erro —, as primeiras provas da revista diagramadas no Scribus começaram a sair.

Interface do Scribus, versão 1.6.3, com arquivo em processo de diagramação do número 1 da Crítica Socialista.

Inicialmente, a revista não teria imagens para ilustrar os ensaios, e isso estava deixando as páginas monótonas. Passei a procurar por fotografias que pudessem servir de ilustração. Uma fotografia para cada ensaio.

Isso exigiu que eu buscasse, enfim, aprender a usar o GIMP, outro software livre e de código aberto — sempre eles — de edição de imagens. Outra vez, baixei manuais de usuário e busquei por tutoriais, uma vez que algumas das imagens que selecionei precisaram de tratamento, recorte, melhoria da resolução e das cores.

Interface do GIMP, versão 3.0.4, com imagem em processo de edição.

A versão final do número 1 da Crítica Socialista ficou pronta dentro do prazo, 28 de fevereiro de 2025. Não ficou perfeita, mas saiu.

Capa do número 1 da Crítica Socialista.

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